APRESENTAÇÃO
O LEXISS, Lexicografia Intercultural do Sertão Semiárido, é um site interativo, gerado a partir do projeto Estudos Lexicográficos do Semiárido, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB. O site foi criado como espaço para a criação, edição e armazenamento, sob a forma de verbetes lexicográficos, do acervo lexical do sertão semiárido. O lexiss e os seus subprojetos estão apoiados nos seguintes conceitos estratégicos: lexicografia, interculturalidade e sertão semiárido.
A lexicografia é uma disciplina linguistica de caráter científico que contempla os aspectos teóricos e práticos da elaboração de um dicionário. Dessa forma, a lexicografia possui duas vertentes, a saber, a vertente prática que se ocupa com a elaboração de dicionários virtuais e impressos. A vertente teórica ou metalexicografia, que estuda os dicionários em seus aspectos linguísticos, discursivos e etnográficos. Neste sentido, o conceito de metalexicografia adotado no projeto acolhe as demandas de estudos vinculadas à etnolexicografia (PEREZ, 2000), uma vez que os dicionários são objetos dos discursos e de posicionamentos etnicos, e à lexicultura (GALISSON, 1987), ou seja, um modo de acesso ao léxico culturalmente marcado e em uso.
A interculturalidade é a maneira como nós interagimos com outras culturas, sociedades e grupos sociais. Qualquer sociedade de hoje tem como característica o aumento crescente da multiculturalidade e da diversidade cultural e este fato torna o reconhecimento e o respeito pelos direitos das minorias como aspectos cada vez mais relevantes.
O sertão semiárido é um território em que as relações interculturais são marcadas não apenas pelos traços simbólicos do territórios, das especificidades climátias, mas também pela natureza dos seus povos indigena, quilombola e caatingueiro que se encontram nas feiras livres, no contexto escolar, nas cidades e nos festejos. Nesse sentido, a criação e produção lexicográfica deverá levar em consideração não apenas os arquivos lexicais partilhado em cada etnia ou grupos étnicos do sertão, mas também os modos de interação entres esses grupos e o papel da linguagem e do léxico como recurso de incremento das relações interculturais e da convivência entre culturas no e com o sertão semiárido baiano e brasileiro.
Os verbetes produzidos, como produto da pesquisa, além de tornarem viva a variedade lexical do sertão semiárido, como uma parte de sua riqueza intercultural, também levarão em conta os processos formativos, já que a produção desse material será acompanhada pelos participantes da pesquisa e pretende ser, além do registro escrito da cultura e da memória, uma demanda de letramento de educadores, estudantes e moradores, de forma que esses participantes também se tornem guardadores e apreciadores da sua cultura e do seu acervo lexical tão rico e tão importante para o conhecimento da língua portuguesa do Brasil.
As fontes
O acervo lexical valorizado neste projeto é bastante variado. Inicialmente, estamos trabalhando com os seguintes fontes de pesquisa: (i) Acervo lexicográfico da região do Uauá, organizado por Elisângela Cardoso da Escola Senhor do Bonfim, Uauá-Ba; (ii) Amostras da Lingua Falada na Região de Jeremoabo, organizado por Zenaide Carneiro e Norma Lúcia Almeida da Universidade Estadual de Feira de Santanda (UEFS); (iii) Acervo lexical do livro Vozes do Mato do autor Esmeraldo Lopes; (iv) Acervo lexical das comunidades quilombolas do sertão semiárido e, finalmente, (v) o acervo lexical das comunidades indigenas do sertão semiárido.
Dicionáiros consultados:
1) Dicionário Regional do Uauá (DRU) - Elisângela Cardoso
2) Dicionário Escolar da Língua Portuguesa (DELP) - Fracisco da Silveira Bueno
3) O léxico Rural: Glossários, comentários (LR) - Suzana Alice Cardoso, Carlota da Silveira Ferreira.
4) Mini Aurélio: o Dicionário da Língua Portuguesa (MA) - Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira.